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Ser humano

We can make life extraordinary.jpg

Nos medimos com cordas, julgando o outro onde elas nos apertam ou aprisionam. Somos detentores de verdades absolutas que talvez não sejam a verdade dos outros. Gostamos de ouvir histórias, desde que nos vejamos nelas refletidos. Narcisistas, egoístas...

 

Assistimos às dores dos outros mais por medo e apreensão do que por amor. Seríamos capazes de enfrentar o mesmo tormento? Nos preocupamos em amenizá-lo? Tão covardes em nossos mundinhos...

 

E quem se vê e se enxerga no espelho se retrai de desgosto. Lá dentro desses olhos mora alguém que muitas vezes não admiro, cujos defeitos conheço tão bem... E latejam, martelam, lancetam as duras perguntas: “Para que sirvo?”, “Por que estou aqui?”, “Quem eu sou?”.

 

E quanto mais eu vivo, observo e me conheço e analiso os que me cercam, mais e mais certa é a noção de que a pergunta mais importante deveria ser: “Quem eu quero ser?”. Posso permanecer nas mesquinharias que me tornam menor ou escolher ser mais e me esforçar para ser minha melhor versão.

 

Nessas mesmas janelas que contemplo no espelho e nas quais me vejo dentro moram paisagens tão bonitas... Entender as cordas que me apertam, libertar-me delas e não as usar para medir os outros me permitem contemplar essas imagens. Sair de mim, olhar outras janelas e buscar outros lugares. Compadecer-me de verdade da dor que não é minha, mas poderia ser. Ser mais humano! Não no sentido da imperfeição, mas daquele que se sabe igual.

 

Sim, eu sei muito bem que o ser humano é imperfeito. A convivência comigo mesma há tantos anos me diz isso todos os dias. Sim, o ser humano é imperfeito, mas pode ser extraordinário. Por que estou aqui? Creio que seja para me tornar alguém melhor e para tornar melhor a vida de quem encontro pelo caminho. Se for para usar cordas, que seja sempre para construir pontes, salvar gente no buraco ou fazer balanços... O extraordinário das pequenas gentilezas.

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