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Deslimites
(Alessandra Matias Querido)
Não, não limites meu olhar...
Não me queiras ter diminutivando espaços...
Deixa-me subir no topo do mundo,
Tocar o céu com a ponta dos dedos,
Fazer meu ninho na mais alta árvore,
Voar com o condor no infinito...
Não, não limites meu ouvir...
Não me queiras ter decompondo canções...
Deixa-me ouvir a Primavera entre rosas,
Dançar o Danúbio sob as ondas do mar,
Ao som da Serenata Noturna brilhar com a lua,
Em Albignoni contemplar meu interior...
Não, não limites meu falar...
Não me queiras ter pauseando notas...
Deixa-me declamar o Desencanto,
Ser porta-voz do Poeta Fingidor,
Cantar as Canções da Inocência,
E quando a Experiência chegar, saber calar a voz...
Não, não limites meu respirar...
Não me queiras ter sufocando sensações...
Deixa-me sentir o cheiro da chuva,
Perceber a fragância das florestas,
Mergulhar no perfume do mar,
Exalar o aroma perfeito da manhã...
Não, não limites meu sentir...
Não me queiras ter insensível...
Deixa-me acariciar o teu rosto alvo,
Passear meus dedos em teu dorso nu,
Tocar teus lábios com os meus,
Abraçar-te, doce e calma, eternamente...
Não, não limites meu viver...
Não me queiras ter apática pessoa...
Deixa-me exaltar cada emoção,
Fazer da intensidade poesia,
Libertar meus sonhos em verso,
Amar como se fosse último dia...
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