O céu, o horizonte
(Alessandra Matias Querido)
Ninguém gosta de se sentir preso.
Eu morreria se não visse o céu...
Até aguento ficar em casa,
Até suporto a inércia da hora que não passa,
Mas eu morreria se não visse horizonte...
Mesmo quando tudo é escuro,
Quando as nuvens são densas, pesadas, de chumbo.
Prefiro vê-las se formando
E não apenas ouvir o seu barulho.
Eu morreria se não visse o céu.
Ninguém gosta de solidão.
Quero ser parte, mesmo distante...
Até aguento nossos corpos separados,
Até suporto nossas vozes na lonjura,
Mas eu morreria se não visse horizonte.
Mesmo quando tudo é incerto,
Quando o tempo muda o tempo todo,
Preciso ver o tempo na minha pele,
Preciso entender por que fico mudo,
Eu morreria se tudo fosse sempre escuro...
Ninguém gosta da falta de luz,
Todo mundo quer ver o sol e o céu.
Até aguento as noites em claro,
Nem sempre suporto as horas de luto,
Mas eu morreria se não visse horizonte.
E caso me faltasse a luz, o sol, o céu...
Que eu guardasse da beleza a memória,
Que este meu olhar interno
Fizesse da escuridão matéria
Para um novo horizonte,
Onde nunca mais estivéssemos distantes...